Novos sons vadios da Companhia do Canto Popular

“Caminante no hay camino, se hace camino al andar” – que o digam estes todos, músicos de tantos caminhos. Em vez de alforges são gaitas, violas, tambores; em vez de botas são vozes. Mas andarilhos que são, provêm dos lugares do tempo onde a Música era ceifa, aboio e varejo; e das ruas cidades, traduzindo em melodias o tempo mais apressado da vida que brota ali. Cada qual com sua voz, cantam cantos misturados herdeiros de outros caminhos, sendeiros que estão inscritos no chão da Rosa dos Ventos: uns estão torrados de sol, outros molhados de mar. Que vidas hão de viver, nas mãos desta Companhia? Aprontem-se, pois, os ouvidos; agucem-se as atenções. O palco está às escuras, o Canto vai começar!

Da esquerda para a direita: Rui Costa – baixo eléctrico / Manuel Rocha – violino / André Sousa Machado – percussão / Artur Fernandes – concertina / Sara Vidal – voz, percussão / José Barros – voz, cordofones / José Manuel David – voz, teclado, gaita-de-foles / Manuel Tentúgal – sanfona, cordofones / Rui Vaz – voz

A Companhia do Canto Popular nasce de um repto do músico José Barros. A ideia era (e assim se consolidou) juntar num espaço de criação conjunta músicos de muitos dos grupos/ ambientes da música de raiz popular. Há na Companhia do Canto Popular gente do Navegante (José Barros), do Vai de Roda (Manuel Tentúgal), dos Gaiteiros de Lisboa (José Manuel David e Rui Vaz), das Danças Ocultas (Artur Fernandes), do Luar na Lubre (Sara Vidal), da Brigada Victor Jara (Manuel Rocha), mas também dos Silence 4 (Rui Costa) e dos muitos projectos de Jazz que povoam os ambientes musicais do nosso país e influenciam toda a música popular (André Sousa Machado).

No fundo trata-se de somar ideias, e modos de fazer, no processo criativo que é o berço de toda a música (de todas as artes). No fundo trata-se de condensar, num espaço de construção musical, o mecanismo de constituição das sociedades humanas desde o início dos tempos: a miscigenação. Das pessoas e dos seus olhares sobre o mundo.

A Companhia do Canto Popular é um projecto novo – fundado, afinal, numa herança cultural que é dos tempos todos de fazer música. Os tempos em que se inclui naturalmente o futuro, que é o tempo aonde vamos.

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